O esforço para preservar a espécie contará com plantio de árvores, construções de passarelas para evitar atropelamentos e arrecadação de recursos para financiar ações de conservação
Entre os dias 14 e 17 de novembro, o Projeto Água Vida, do fotógrafo e ambientalista Mário Barila Filho, juntamente com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), realizará em Manaus uma série de ações de preservação ambiental em prol do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), espécie de primata seriamente ameaçada de extinção com a devastação crescente da floresta, agravada por corte ilegal de árvores e incêndios causados por queimadas criminosas. A iniciativa, desenvolvida pelo biólogo e Professor Marcelo Gordo, da UFAM, é parte das ações de preservação previstas no Plano de Ação Nacional para Conservação do Sauim-de-Coleira, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As ações da UFAM contam com apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Manaus e Amazonas Energia, e financiamento do Toledo Zoo.
Esta é a segunda participação neste ano do Projeto Água Vida para salvar o primata nativo da Amazônia. Dessa vez, ações estão concentradas na recuperação do igarapé ‘Goiabinha’ situado na Área de Proteção Ambiental Sauim, na capital amazonense. Para isso, serão plantadas mudas de árvores nativas da região, provenientes do viveiro da UFAM. Além do trabalho de reflorestamento serão construídas passarelas sobre rodovias, avenidas e ruas, interligando copas das árvores de diferentes partes da floresta, para evitar atropelamentos, uma das causas da mortalidade das espécies.
POPULAÇÃO EM QUEDA
Espécie exclusiva do Amazonas, o sauim-de-coleira desempenha um papel importante no equilíbrio do ecossistema da florestal. Com uma dieta variada, que inclui desde frutos e gomas até insetos, pequenos répteis, aves e ovos, o mico atua como dispersor de sementes, influência na fertilização do solo e no controle de pragas.
O sauim está entre os 25 primatas com maior risco de extinção, de acordo com a Sociedade Internacional de Primatologia. O site da Red List, de animais mais ameaçados. Ainda não há dados estatísticos atualizados sobre a população de sauim bicolor, mas estima-se que atualmente existam cerca de 780* (dados de 2015 da UFMA) indivíduos da espécie distribuídos nos fragmentos florestais das 17 unidades de conservação, entre elas os parques Mindu, Sumaúma, RS Pinto, em torno da UFAM e Reserva Adolpho Ducke, todos situados em torno de Manaus.
Um estudo realizado por Marcelo Gordo alerta para a possibilidade da população de sauim nos arredores de Manaus tenha uma redução de pelo menos 80% até a década de 2030, devido ao crescimento desordenado da capital e da ocupação agropecuária, que vem provocando desmatamentos. Além dos atropelamentos, muitos animais acabam morrendo eletrocutados com a expansão da rede elétrica, aumentando a sua mortandade.
“Há tempos que a Amazônia já vem sendo devastada a um ritmo alucinante. E agora com o fenômeno El Niño, intensificado com o aquecimento global e incêndio criminoso, temos uma estiagem sem precedentes afetando todo o ecossistema e, com isso, tornando a situação do sauim-de-coleira ainda mais crítica”, ressalta Barila. “Assim mais do que nunca é preciso uma mobilização popular e política pública para frear o avanço da degradação ambiental e reverter o problema”, defende o fotógrafo ambientalista, que apoia a causa da UFMA desde 2022.
Assim, além da participação ativa nas ações do Plano de Ação Nacional para Conservação do sauim-de-coleira, o Projeto Água Vida vem financiando a causa com recursos provenientes de vaquinhas e de parte das vendas das fotos de Mário Barila. O Projeto Água Vida conta com acervo de 100 obras fotográficas, mas aceita encomendas.
FOTOGRAFIA EM PROL DA CAUSA
Economista de profissão, Mario Barila Filho começou a se dedicar à fotografia, sua paixão desde adolescência, ao se aposentar. Se especializou na arte da fotografia com o renomado fotógrafo Araquém Alcântara, famoso por retratar a fauna e flora brasileira.
Sensibilizado com a população em situação de vulnerabilidade e questões ambientais encontradas em suas viagens pelo Brasil e exterior, Barila resolveu transformar a fotografia em ferramenta de militância.
Assim, em 2014, Barila criou o Projeto Água Vida, com objetivo de desenvolver e realizar ações em prol da preservação e educação ambiental, além de resgate de cidadania, destacando a importância vital da água para a vida do planeta. As ações são financiadas com a venda de suas fotos e doações de parceiros.
Ao longo dos oito anos, Barila, por meio do Projeto Água Vida, já apoiou causas relevantes promovidas por Ongs, instituições e entidades conceituadas. Entre as ações de preservação ambiental realizadas estão a doação de mudas de árvores nativas para recuperação da área devastada de Mariana e Brumadinho (MG) pelo rompimento das barragens do Vale, doação de sementes nativas e de um viveiro para produção de mudas para reflorestamento da área desmatada de Fernando de Noronha, plantio de árvores na região amazônica do Pará, fornecimento de mudas de árvores e exposição de fotos para angariar fundos para reflorestamento da Ilha do Mel e plantio de araucárias em Niterói, para conter deslizamentos de morros, entre outros.
Os interessados em conhecer mais sobre as atividades do Projeto Água Vida e contribuir com as ações de Mário Barila podem acessar o blog do fotógrafo no https://mariobarila.com.br/ ou a página no Instagram/@barila.
