A iniciativa, do Instituto Vertentes, mostra a importância da educação ambiental em escolas rurais
De 24 a 28 de março, a cidade histórica de Tiradentes (MG), um dos berços da arte barroca brasileira e considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, será o cenário de uma ação para cultivar a ‘consciência verde’ e agricultura sustentável nas crianças das escolas rurais. A iniciativa, da ONG Instituto Vertentes, ganha a parceria do fotógrafo e ambientalista Mário Barila, criador do Projeto Água Vida, de apoio às causas socioambientais.
Desde o ano passado, o projeto vem desenvolvendo atividades de educação ambiental na grade de disciplinas do ensino integral. Coordenada por André Frade e Shizue Tamaki, respectivamente professores de arte visual e educação socioambiental e empreendedorismo de três das escolas municipais participantes de Tiradentes, a iniciativa foi criada a partir de uma pesquisa realizada entre os pais dos alunos, que revelou a necessidade de ter a parte de sustentabilidade ligada ao agronegócio, fundamental para preservação do bioma local.
Em sua nova visita a Tiradentes, Barila abraça a causa da ONG com doação de insumos para instalação de um viveiro na Escola Municipal ‘Carlos Rodrigues de Melo, localizada na zona rural de Elvas, para cultivo de mudas de mudas de árvores frutíferas e plantas medicinais nativas da Mata Atlântica e Cerrado. O cultivo no viveiro será feito com materiais reciclados, como madeira de demolição e vasos para mudas confeccionados com garrafas PET cortadas.
Segundo Shizue, a iniciativa nas escolas da zona rural abrange desde os cuidados com água e solo, o cultivo e manejo correto plantio e até a manipulação da matéria-prima como a produção de xaropes e outros produtos. “Além de reproduzir novas espécies para o pomar, o viveiro na escola da Elvas terá uma importância enorme no cultivo de plantas medicinais nativas da Mata Atlântica e do Cerrado, para produção de fitoterápicos, que farão parte do ensino integral”, detalha a professora.
Barila também estará participando de uma ação com plantio simbólico de uma árvore frutífera na escola de Elvas, e em outras duas instituições de ensino locais, envolvendo 120 alunos de quatro a 11 anos e 30 colaboradores. Na escola ‘Carlos Rodrigues, será plantado um pé de acerola. Enquanto na Escola Municipal ‘João Pio’ a cerimônia será marcada com o plantio de uma pitangueira. E a Escola Municipal ‘Ademar Natalino Longatti’ receberá em seu terreno uma jabuticabeira.
O ambientalista acredita na importância de envolver as crianças nesse tipo de projeto, para que elas possam se conectar com a natureza desde cedo e criar a cultura ambiental. “Seria ótimo se os estudantes criassem um vínculo afetivo com as árvores, assim teremos novas gerações de pessoas que se importam e cuidam delas”, afirma Barila.
Revitalização dos projetos de Burle Marx – Para Barila, a ação educativa nas escolas representa mais um passo para integrar a natureza ao estilo de vida da população de Tiradentes. O Projeto Água Vida, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), está ajudando a revitalizar e manter os largos do Centro Histórico da cidade, projetados pelo renomado paisagista Roberto Burle Marx com doação e plantio de espécies nativas, as mesmas usadas no projeto original.
Em Tiradentes, Burle Marx criou em 1970 projetos paisagísticos para os largos das Forras, do Chafariz, do Sol das Mercês e do Rosário, além dos cemitérios da Matriz de Santo Antônio e das Mercês, utilizando espécies nativas da região. Com a falta de manutenção, as árvores morreram ou deterioraram-se, precisando ser cortadas. “Estamos substituindo as árvores que morreram pelas novas e assim ajudamos a preservar esse legado de Burle Marx”, explica o fotógrafo.
Segundo Mário Barila, a ação para recuperar o legado de Burle Marx se deve à sua importância na cultura brasileira e representa uma valiosa lição. “Os mais de dois mil projetos do paisagista no Brasil e no exterior provam que é possível integrar com elegância arquitetura moderna e urbanismo com a natureza”, enfatiza.
Todas as ações de Mário Barila são financiadas com a venda das fotos do seu acervo, disponíveis no seu blog.
