A iniciativa conta com plantio de mudas de araucárias e erva-mate, doação de sementes e instalação de um viveiro para produção local de árvores.
O Projeto Água Vida – do fotógrafo e ambientalista Mário Barila – promove em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), uma ajuda as comunidades do município que foi muito prejudicado pelas enchentes. Haverá a doação e plantio de mudas de araucárias em parceria com a comunidade local.
Árvore nativa da América do Sul, a araucária está entre as espécies ameaçadas de extinção, devido ao processo acelerado de desmatamento para extração da madeira e abrir campos de pastagem. Estima-se que restam apenas 3% da floresta original desse pinheiro na região. Também serão plantadas mudas de erva-mate em parceria com a Comissão de Produção Orgânica do Rio Grande do Sul (CPORG). A erva-mate se desenvolve muito bem quando cultivadas sob as sobras das araucárias.
Barila explica que a escolha da araucária e da erva-mate, duas espécies nativas do sul do Brasil, se deve à importância tanto ambiental quanto para geração de renda para população. A erva-mate é usada no chimarrão, como chá, na produção de fármacos e cosméticos. E a araucária fornece madeira e pinhões que servem de alimentos para animais e culinária. O plantio das mudas contará com a participação da comunidade local.
Viveiro e sementes para comunidade – “É preciso plantar milhões de árvores para cobrir áreas degradadas. Esta ação é o primeiro passo de muitos outros plantios, e esperamos que incentive outras iniciativas similares que ajudem a reflorestar a região, contribuindo para reestabelecer o equilíbrio do ecossistema e minimizar os impactos dos desastres climáticos e ambientais como vivemos recentemente”, afirma Barila.
Estudos comprovam que a vegetação nativa absorve a água da chuva, evitando que se acumule sobre o solo e eleve o nível dos rios rapidamente. A cobertura vegetal também protege o solo da erosão, reduzindo a quantidade de sedimentos que se acumulam no fundo dos rios da região. E de acordo com os dados do MapBiomas, o Rio Grande do Sul perdeu 32% da sua flora entre 1985 e 2022, equivalente a 3,3 milhões de hectares de matas, para pastagem e cultura de soja.
Segundo especialistas, o desmatamento contribuiu para agravamento das enchentes provocadas pelo ciclone extratropical, que ganhou mais intensidade com o aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico gerado pelo efeito do El Niño e aquecimento global.
Além de deixar quase 40 mil pessoas desabrigadas e destruir a infraestrutura da cidade, as enchentes do Rio Grande do Sul comprometeram a lavoura, incluindo a safra já colhida e as sementes. “Por isso, vamos doar sementes de hortaliças usadas no dia a dia, para horta de subsistência dos moradores de Eldorado do Sul”, conclui Barila.